O Bairro da Vila Mariana é conhecido por possuir uma trajetória de evolução intrigante, memorável por suas belezas escondidas e amado por muitos, porém antes do Bairro ser o que é hoje foi preciso muita adaptação ao decorrer dos séculos. A seguir veremos como a mesma teve sua história iniciada em 1782 a até o ano de 1918.
Em 1782, o governador Francisco da Cunha Menezes concedeu a Lázaro
Rodrigues Piques terras entre o Ribeirão Ipiranga e a Estrada do Cursino.
Originalmente, o lugar foi chamado de Cruz das Almas, por causa da morte
de tropeiros ocasionadas por ladrões na metade do século XIX na continuação da
"Estrada do Vergueiro" (atual Rua Vergueiro), aberta em 1864 por José
Vergueiro e que era a nova estrada para Santos.
Com o passar do tempo, o lugar começou a ser chamado de Colônia até que
foi intitulada de Vila Mariana, para o qual existem duas explicações de seu
nome: a primeira afirma que o nome vem da junção de Maria e Anna que eram
esposa e sogra de Carlos Eduardo de Paula Petit que foi coronel da guarda
nacional, vereador e juiz de paz; a segunda afirma que Kuhlmann, um engenheiro
que surgiu para a construção da estrada de ferro local, dera o nome de sua
esposa Mariana Mato Grosso.
Em 1856, a chácara de João Sertório, que se transformaria futuramente o
Bairro Paraíso, foi vendida para Alexandrina Maria de Moraes que faleceu 30
anos, após a compra e seus herdeiros arruaram a propriedade que veio a ligar as
ruas da Liberdade a Santo Amaro, assim surgindo mais ruas como a Rua Humaitá,
Abílio Soares, Pedroso, Maestro Cardim, Paraíso, Artur Prado e entre outros.
Entre 1883 e 1886, foi construída a estrada de ferro até Santo Amaro que partia da Liberdade. O seu construtor foi o engenheiro Alberto Kuhlmann e sua empresa se chamava Cia Carris de Ferro. A linha ficou sobre o antigo Caminho do Carro e fez com que ocorresse o fracionamento das chácaras existentes na região.
Estação Ferroviária Vila Mariana
Fonte:
Grupo do Facebook AMO SP, fotos antigas da história de São Paulo
Em 1887, criou-se o Matadouro Vila Mariana que ajudou com o crescimento
populacional da região aumentando a instalação das oficinas de Ferro Carril na
Rua Domingos de Morais e da fábrica de fósforos.
O matadouro produzia diariamente 14 mil quilos de carne bovina para 70
mil pessoas que compunham a cidade de São Paulo na época. Sua localização foi
escolhida por ser relativamente longe do centro e por que ficava perto do Rio
Itororó, hoje o lugar é conhecido como Avenida 23 de Maio. O espaço ficava
vermelho e contaminado pelo sangue e os pedaços de animais.
Matadouro Vila Mariana
Fonte: Grupo do Facebook AMO SP, fotos antigas da história de São Paulo
Alberto Kuhlmann foi chamado para auxiliar na construção e
desenvolvimento do matadouro e na consolidação de uma ferrovia para o
transporte dos animais até lá. O gado que chegava ficava pastando onde fica
atualmente o Parque do Ibirapuera, assim não incomodando a população
"rica" da cidade. O matadouro desempenhou seu papel até 1927.
Com a chegada de muitos imigrantes o movimento do
bairro começou a aumentar, assim criando-se fábricas de cerâmica, armazéns,
açougues, padarias, floriculturas, quitandas, até mesmo um hotel, uma escola
pública e outra particular (Colégio Benjamin Constant).
Pessoas na inauguração da Ferrovia
Fonte: Grupo
do Facebook AMO SP, fotos antigas da história de São Paulo
Por volta de 1891, José Antônio Coelho comprou a "Chácara da Boa Vista" e a loteou para abrir mais ruas que se chamavam "Central", "Garibaldi" e "dos Italianos" (hoje chamados como Humberto I, Rio Grande e Álvaro Alvim) e deu o nome de Vila Clementino em homenagem ao Dr. Clementino de Souza e Castro.
Mapa da Vila Mariana em 1891
Fonte: Grupo do Facebook AMO SP, fotos
antigas da história de São Paulo
A chegada de 1900 foi marcada no bairro com o início da iluminação pública por lampiões a gás nas ruas principais. No ano de 1918 apenas a Rua Domingos de Morais era asfaltada e a água era abastecida apenas por uma caixa d'água na Rua Vergueiro. Neste período, São Paulo passava pelo processo de industrialização e urbanização com uma burguesia sintonizada com os costumes da Belle Époque parisiense.
Relatos de moradores atuais e ex-moradores do Bairro da
Vila Mariana:
“Eu me
lembro de quando minha bisavó contava que ouvia da sua bisavó histórias sobre o
Matadouro e como o lugar fedia a morte. As pessoas tinham medo de passar por
lá, não só por causa do mal cheiro, mas também pelos gritos que vinham de
dentro. Eu imagino como devia ser horrível”
Juliana,
59 anos – Moradora do Bairro da Vila Mariana desde que nasceu.
“Eu já
pesquisei antes fotos do Bairro e quase não consigo acreditar como metade das
coisas mudaram e a outra metade continua igualzinho. Parece uma mistura entre o
passado e o presente.”
Eliana,
25 anos – visitante da região do Bairro da Vila Mariana
“Minha
família sempre morou nesse Bairro, gostamos daqui. Clima agradável, pessoal
legal, muitos lugares para conhecer ou ir. Só coisa boa. Eu lembro que minha
mãe dizia que, quando nasceu, ainda não haviam ruas asfaltadas ou água
encanada. Se quisesse água tinha que pegar um baldinho e ir até outra rua para
pegar.”
Antonia,
79 anos – aposentada e moradora do Bairro Vila Mariana
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História Além do Tempo – Parte 2 que contará de 1920 até os dias atuais.
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